Sapa Vietnã: o vilarejo que vai muito além de Terraços de Arroz

Durante nossos 7 meses na Ásia, tivemos a oportunidade de conhecer muitos lugares legais. Um deles, foi o vilarejo de Sapa, Vietnã, num passeio saindo de Hanói. Neste artigo, conto tudo que vivi nesse passeio.

A escolha do passeio para Sapa, na viagem pelo Vietnã

Fomos atrás de uma agência para saber mais sobre os passeios para Halong Bay e Sapa. Na primeira agência que entramos não nos sentimos confortáveis com o atendimento. Parecia que o único interesse era empurrar o que tinha por ali. Agradecemos e seguimos adiante. Paramos praticamente duas lojas depois e o novo atendente, chamado Tim, tinha brilhos nos olhos. Nos explicou todo o itinerário e nos sentimos bem mais animados.

O passeio para Sapa é vendido num pacote de 3 noites e 2 dias. Foi a primeira vez que escutei falar num pacote assim, com mais noites do que dias. Tim explicou que o tour começaria as 19h num sleeping bus (ônibus noturno), chegaria na cidade pela manhã, faria o trekking, dormiria em uma homestay na vila ou em um hotel em Sapa, mais trekking no dia seguinte e sleeping bus de volta para Hanoi. No passeio também estariam incluídas 6 refeições no total, sendo café, almoço e jantar para os dois dias e o custo total seria de 60 dólares (3 diárias, guia, 6 refeições, translados).

Infelizmente, as fotos que olhávamos dos guias tentando vender os passeios para Sapa não falam por si. Olhando as imagens ficamos imaginando que seria algo bem parecido com o que vivenciamos nos terraços de arroz de Ubud na Indonésia. Um simples passeio pelos terraços e nada mais a agregar. Mas o que realmente aconteceu foi uma experiência única que está na minha lista dos melhores acontecimentos da nossa viagem.

As meninas não são muito adeptas de trekking e comidas diferentes, então resolvemos que eu iria sozinho nessa aventura. Tim me levou até a empresa responsável pelo nosso transporte. Já na hora do embarque, perguntei se havia algum banheiro porque iríamos viajar a noite inteira e não havia banheiro dentro do ônibus. O motorista apontou para o canteiro central do outro lado da avenida de 5 pistas e falou “você pode fazer isso em qualquer lugar do muro ali do outro lado”. Insano. Cruzar a movimentada avenida de 5 pistas e urinar em um lugar público com o aval de um local foi só o começo dessa aventura.

Sleeping Bus no Vietnã

O sleeping bus é um ônibus com três corredores de beliche, sendo que os pés ficam encaixados sob a cabeça da cama da frente. Um conceito que até então eu desconhecia. Escolhi uma cama de baixo no corredor do meio, coloquei o cinto e não demorei muito pra dormir. Após duas horas de viagem, tivemos a primeira parada para ir ao banheiro e uma hora depois paramos numa lanchonete. Não dormi mal, mas também não foi o sono mais restaurador. Chegamos em Sapa por volta das 4h da manhã, mas continuamos a dormir no ônibus. O motorista desligou o ônibus e o calor aumentou um pouco. Às 6 da manhã o motorista gritou um “let’s go” e pediu para todo mundo descer.

Sleeping bus no Vietnã
Sleeping bus no Vietnã

Sapa, Vietnã – Primeiras impressões

Que clima delicioso estava fazendo fora do ônibus. Já estava na Ásia desde junho e o último clima friozinho tinha sido em fevereiro, na Nova Zelândia. Na chegada, muitos taxistas e guias oferecendo seus serviços. Um taxista começou a chamar pelo meu nome. Entrei e fui até o hotel onde pude tomar um banho, comer meu café da manhã e aguardar o início do trekking.

Na minha mochila tinha praticamente apenas os equipamentos fotográficos e pouquíssimas peças de roupas. Um drone, uma camera e uma lente extra. O suficiente pra ficar bem pesadinho. Fotógrafo/videomaker de viagem sofre.

Nuvens entre as montanhas e clima ameno
Nuvens entre as montanhas e clima ameno

Nossa simpática guia e o primeiro dia de trekking

Nossa guia chamada Peng chegou e nossa turma era formada por 6 pessoas. Eu, 2 canadenses e 3 inglesas. Iniciamos nosso tour partindo do hotel, andamos um pouco pela cidade e já iniciamos nosso passeio literalmente com o pé na lama através dos úmidos campos de arroz. A nossa guia ainda levava seu bebê de 8 meses a tiracolo. Escorrega daqui, escorrega de lá, desce morro, sobe ladeira. O sol resolve aparecer e sair queimando qualquer ser em exposição e sem proteção. Por volta das 11h um pouco de dor de cabeça se manifesta.

Nossa guia Pend com seu filho a tira colo
Nossa guia Peng com seu filho a tiracolo

No meio do caminho existem vários pontos de “suporte” com seus vendedores ambulantes em barraquinhas improvisadas que oferecem bancos de madeira, sombra e água fresca. Aproveitei para me hidratar. A guia nos ofereceu pepino que comi como se estivesse comendo uma maçã.

Cruzávamos a todo momento por senhoras e muitas crianças oferecendo seus artesanatos de forma totalmente robotizada e sem emoção:”Two for ten! Two for ten!”(2 pulseiras por 10 mil dongs). Tentei até ensinar uma das crianças a falar sorrindo e elogiar as pessoas. Apesar de não ter tido sucesso, consegui fazer esse registro.

Crianças oferecendo suas pulseiras e artesanatos
Crianças oferecendo suas pulseiras e artesanatos

Paramos pra almoçar por volta das 13h30. Foi nos servido uma comida bem gostosa e básica, a la carte, então pudemos aproveitar de tudo um pouco: arroz, tofu, frango, macarrão, ovos. Aproveitei pra pedir uma cerveja pra ver se melhorava minha dor de cabeça. “Ai que burro.” Minha cabeça já estava pra explodir. O excesso de peso, misturado com o esforço física da caminhada, pouca hidratação e calor forte fez com que ao chegar na guesthouse, eu vomitasse. Chegamos na homestay por volta das 15:30. A Pang me mostrou meu quarto e eu praticamente desmaiei.

Acordei por volta das 18 horas já 70% melhor. Fui para o jardim da casa onde o casal canadense conversava com uma americana, uma nova integrante do grupo. Aproveitei para interagir com a turma e os cinco filhos da Peng. O jantar foi arroz com frango e pato. Ficamos conversando até as 21h quando vimos que os donos da casa já pareciam estar recolhidos.

Como é uma Home Stay na pequena vila em Sapa Vietnã

A casa e a estrutura de uma home stay é bem simples, mas achei confortável. As paredes são todas de madeira e o barulho pode incomodar um pouco quem tem problemas de sono leve. Fiquei hospedado na pequena vila de Lao Cai com uma população de 2.000 pessoas. Apesar de uma país relativamente pequeno, o Vietnã possui 90 milhões de habitantes e possui 90 dialetos. Lao Cai é uma das vilas que as pessoas falam um idioma mais similar aos seus vizinho da Camboja.

Café da manhã no forno a lenha, nosso anfitriã e suas crianças

Acordei no dia seguinte por volta das 5h da manhã. A Peng já preparava o café no fogão a lenha e os dois filhos menores já estavam acordados. Fui para o jardim e a névoa estava tão forte que mal se conseguia olhar a casa vizinha. Achei curioso quando o canadense me falou que nunca havia visto uma névoa assim, ele achava que era uma queimada e achou um fenômeno bem curioso.

Nevoeiro matinal em Sapa
Nevoeiro matinal em Sapa

Às 7h30 do segundo dia foi servido o café da manhã: panquecas com açúcar, café e chá. Simples e saboroso. Aproveitei que havia algumas nuvens no céu que dividiam as montanhas e subi o drone. Foi uma interação a parte! As crianças se tumultuavam atrás de mim para ver as imagens através do meu celular.

Turma reunida para o segundo dia de trekking
Turma reunida para o segundo dia de trekking

Segundo dia de trilha e banho de cachoeira

Seguimos nosso segundo dia de trilha por volta das 9 da manhã. Uma banho de cachoeira nos aguardava no final do dia. Subimos e descemos mais algumas ladeiras e aproveitei para subir o drone mais uma vez. Adentramos por entre os bambuzais e nos deparamos com um deslizamento gigante de terra que havia acontecido fazia 2 semanas. Aconteceu de madrugada então ninguém se feriu. Paramos em mais um mirante de onde já era possível escutar a cachoeira.

A cachoeira não é das mais impressionantes, mas mesmo o dia com um clima ameno e uma água gélida, não resisti e entrei na água! <3

Banhando de cachoeira <3
Banhando de cachoeira <3

Continuamos mais uma subida até o restaurante e no caminho pudemos observar de longe o tamanho do deslizamento de terra pelo qual passamos. No restaurante foi nos dado a opção de arroz ou macarrão com frango, o velho e conhecido fried rice. Ali nos despedimos da nossa guia, pois voltaríamos para o centro de Sapa.

Voltamos ao hotel onde iniciamos a nossa aventura, pegamos um quarto e o canadense me convidou pra ir pra praça pra jogar bola. Fizemos amizade com os nativos e jogamos por mais de uma hora. No final, voltamos para o hotel, jantamos e nos preparamos para pegar o sleeping bus de volta para Hanoi.

Sem dúvidas, essa foi uma das experiências mais incríveis que tive nesse projeto e acredito que você deve fazer esse passeio por esse povo, cultura e culinária maravilhosa.

Esse post faz parte do projeto Blog Every Day August, BEDA. Um desafio de postar no blog todos dias do mês de agosto. Leia mais sobre esse desafio no post de abertura. E confira também o índice com todos os posts já publicados do nosso BEDA 2021!

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