Sua próxima viagem não vai ser perfeita – e nem precisa ser!

Eu estava auxiliando no planejamento das primeiras “férias oficiais” em família da minha irmã. Por uma série de circunstâncias, desde que minha sobrinha nasceu, nunca conseguiram fazer uma viagem de férias “legal” – e ela já vai fazer 5 anos. Fizeram algumas viagens rápidas, para locais já conhecidos, mas queriam uma viagem “de verdade”, sabe? Um dia desses, tivemos uma conversa que me deixou um pouco inquieta.

Minha irmã resolveu fazer uma viagem para o exterior com a família e, apesar de não ser a primeira vez que ela sai do país, essa viagem gerou uma grande ansiedade e expectativa.

Dentre muitas opções de passeios e hotéis, ela teve bastante dificuldades de tomar decisões: Alugo ou não carro? Escolho esse hotel? Aquela região é boa pra se hospedar?

Dúvidas comuns a todo viajante, mas que, no caso dela, foram se arrastando por vários meses, fazendo-a perder grandes oportunidades.

Num determinado momento da conversa, enquanto tentava mostrar as vantagens de cada um dos hotéis que estavam sendo cogitados, e diante da indecisão gigante que não deixava ela clicar no botão para finalizar a reserva, acabei soltando o seguinte:

“Escolher um hotel não é como escolher um apartamento pra comprar. Se não for tão bom quanto parece, da próxima vez a gente escolhe outro.”

Simples assim. Acho que é por isso que me chamam de pragmática. Não vejo por que complicar o que (pra mim) não tem complicação.

+ Leia também: Como planejar uma viagem passo a passo
viagem perfeita

A sua viagem não vai ser perfeita…

Acho que minha irmã ficou um pouquinho chocada. Ela só queria que uma viagem perfeita com a família.

E quem não quer?

Ninguém sai de férias querendo se hospedar num lugar ruim, malcheiroso ou barulhento. Nem eu.

Também escolho meus hotéis com muito carinho. Já escolhi errado e sei como pode atrapalhar a logística da viagem. Isso vale também para a escolha dos passeios, o roteiro, pra tudo!

Viajar é fazer um montão de escolhas, como tudo na vida. E é absolutamente normal errar em algumas delas. Ninguém aqui (nem no seu destino) é perfeito.

Às vezes, cruzamos com um funcionário mal-humorado ou um parque aquático com data marcada exatamente no dia que amanhece chovendo.

Faz parte da viagem. Faz parte da vida. 

Claro que ninguém sai de casa desejando que a viagem seja ruim e que as coisas deem errado. Não é isso.

O problema é que quanto mais a gente idealiza que tudo vai ser perfeito, mais chances a gente tem de se decepcionar.

Nem busque a perfeição!

A grande armadilha que criamos é elevar demais as expectativas. Não deveria ser surpresa para ninguém: quando a gente coloca essas expectativas muito no alto, aumentam as chances de rolar uma decepção.

Por isso, faça suas escolhas sem medo. Passou as opções por um filtro daquilo que não é aceitável pra você? A partir desse ponto, as diferenças já não são mais tão relevantes assim. E se algo não sair exatamente como planejado, releve. Não seja duro consigo mesmo. Aprenda com o erro e não o repita em sua próxima viagem. Ria do que deu errado. Relaxe. Curta. Conte a história depois. Bote a boca no trombone se for preciso.

Quando a gente viaja com mais frequência, a gente abre margem pra errar mais. Claro,  ninguém acerta 100% do tempo e inevitavelmente algo vai sair fora do planejado. Mas a gente também aprende a lidar com imprevistos e ser menos exigente com algumas coisas. Não é um funcionário mal educado de hotel que vai estragar a sua viagem. Pelo menos, não deveria. Com o tempo, aprendemos a abrir mão de algumas coisas pequenas para otimizar a experiência da viagem.

viagem perfeita

Os erros são parte da viagem

A gente vai fazer escolhas erradas? Vai sim. Pode se decepcionar com algumas coisas? Com certeza. Errar faz parte do aprendizado. Ou você acha que tomar o seu café da manhã na mesma xícara e fazer o mesmo caminho para o trabalho todos os dias vai ensinar algo para sua vida?

Eu sinto muito se sou a pessoa que vai te dar essa notícia, mas… não vai ser dessa vez que você terá uma viagem perfeita.

Mas, cá entre nós, depois que a gente supera, um pouco de perrengue é sempre bom pra ter histórias pra contar, né?

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2 respostas

  1. Durante 2 anos programei uma viagem à Disney nos seus mínimos detalhes. Éramos 6: 3 mães e 3 crianças. Sem maridos e pela primeira vez no exterior com as crianças. Não queria que nada saísse errado. Passava os dias pesquisando, lendo, vendo vídeos de como eram os parques. Analisava planilha de lotação dos parques em determinados dias para montar um roteiro que pegássemos os dias mais vazios em cada parque. Peguei na internet o mapa dos parques para programar um itinerário dentro dos parques, contabilizei quanto tempo demoraria em cada brinque de maneira que eu pudesse marcar os fast passes que tínhamos direito. Baixei aplicativo, imprimi horários de fast passes, etc. Viajamos. No transcorrer da viagem, ficamos tão cansados que não conseguíamos sair para jantar nos restaurantes que havíamos planejados. Acabamos comendo qq coisa no quarto do hotel para cair direto na cama. No último dia tive uma crise que não conseguia me manter acordada. Depois que voltei dormi 2 dias seguidos. No final de tudo, me senti como se aquela viagem a Disney não tinha correspondido aquela ideia de VIAGEM MARAVILHOSA INESQUECÍVEL que estava na minha mente. Quando eu passava nas atrações, não achava mais aquiiiiilo tudo que diziam e relataram nos posts e videos que eu havia pesquisado. Acho que eu pesquisei tanto, li tanto, que tudo me pareceu déjà vu.

    1. Oi Ana,

      Muito obrigada pelo seu depoimento!
      Sei bem como é essa sensação de elevar muito todas as nossas expectativas e de repente ver que “não era isso tudo”. Acontece o tempo todo com a indicação filmes por amigos, por exemplo. Várias pessoas falam tanto que um filme é excepcional, que na hora que a gente mesmo assiste, parece que ele perde um pouco a graça e não corresponde a nossas expectativas.
      Esse é o grande problema em esperar muito de qualquer coisa (uma viagem, um emprego, um amigo) e, também, de planejar cada passo, como se a gente fosse um robôzinho. Planejar é super importante, mas é importante ter espaço para respeitar o nosso limite (físico mesmo) e ter algum espaço para simplesmente curtir. Uma viagem não precisa (e nem deveria) ser uma maratona. O problema é que muitas vezes temos que fazer tantos malabarismos para conseguir arrumar as malas que acabamos fazendo da viagem “a oportunidade única de nossas vidas”. Aí as chances de algonos decepcionar é grande.
      Experimente viajar de forma mais tranquila, intercalar alguns dias para fazer o que tiver vontade e com menos expectativas. Encontre o seu ritmo e não perca o ânimo para as próximas viagens.
      Qualquer coisa, conte com a gente!
      Um abraço!

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