Hoje resolvi compartilhar com vocês a história da Gabi, que foi barrada da Indonésia, numa situação bem contrangedora. Leia abaixo o relato completo da noite na sala fria.
Quem é a Gabi?
Antes de contar o relato, queria apresentar a Gabi para quem não conhece. Uma baiana gente boníssima, que trabalha em cruzeiros e que tivemos a oportunidade de conhecer na Tailândia. Uma pessoa que emite uma energia positiva sem igual! A Gabi já esteve em 54 países e viajou até para o programa da Fátima Bernardes para falar sobre as viagens! Diz, aí! Todas as viagens ela conta no instagram, facebook e canal do youtube. Ela inclusive publicou um vídeo lindo recente sobre Bali, na primeira passagem pela Indonésia!
Por que a Gabi foi barrada na Indonésia?
A Gabi já tinha estado na Indonésia e se apaixonado pelo país. E por isso resolveu voltar. Como ela pretendia ficar mais que os 30 dias que os brasileiros recebem na imigração, ela foi pensando em fazer a renovação do visto, algo que é legal e possível. Muita gente já fez.
O que ocorreu foi que a Gabi não entendeu que teria que pagar duas vezes pelo visto para ter os 60 dias e como isso saía do orçamento dela, pediu ao oficial para ficar somente os 30 dias a que tem direito sem pagar nada. E aí a confusão sucedeu, como ela relata abaixo.
Como funciona o visto de 60 dias
Caso você queira ficar por mais de 30 e até 60 dias na Indonésia e evitar o constrangimento que a Gabi passou, o procedimento correto é:
- Pagar no aeroporto pelo visto de 30 dias (USS35,00) – para ficar menos de 30 dias não precisa pagar essa taxa, é só para quem vai renovar por mais 30!
- Depois de estar dentro do país, com umas duas semanas de antecedência para expirar eu visto, comparecer a um immigration office e solicitar a renovação por mais 30 dias (pagando US$25,00).
Por que não paga logo tudo na chegada? Não sei. Mas é assim que funciona. O que aconteceu foi que eles aboliram a necessidade da taxa para quem vai ficar menos de 30 dias, mas nao modernizaram o processo da extensão. Sai caro, mas ainda sai mais barato do que ter que sair do país e entrar novamente para ganhar mais 30 dias. E ainda muito mais barato do que passar por tudo que a Gabi passou.
Relato da Gabi – O que aconteceu na Indonésia
(Como o relato é muito grande e para evitar que o blog seja penalizado pela cópia de conteúdo, coloquei aqui somente os principais trechos que relatam a deportação da Gabi).
São 12:24 e acabamos de decolar. Voo da Air Ásia para Kuala Lumpur. Não sei o número pois não tenho em posse meu cartão de embarque e passaporte. ( comecei a escrever durante o vôo )
Indonesia é um dos meus países mais queridos, tive a oportunidade de passar 20 dias aqui no mês passado e me encantei. Ontem à noite, as 19h dia 18/07/2017, desembarquei no aeroporto de Lombok. Como queria ficar mais tempo dessa vez, fui ao guichê de visa on arrival e pedi o visto de 2 meses, resposta positiva, qual o valor? $35. Paguei $70, o meu e o do meu amigo.
Fomos para a imigração e lá carimbaram meu passaporte com 30 dias. Fiquei confusa, pois entendi que havia pago $35 pro visto de 2 meses e perguntei. Me explicaram que eu pagaria por esse e antes do meu mês terminar eu deveria ir ao escritório e pedir uma extensão e pagar novamente. Como estou mochilando pela Ásia, não esperava pagar mais do $35. Então expliquei que não tinha entendido isso anteriormente e pedi meu dinheiro de volta. Ficaria então com o visto de 30 dias, com isenção de pagamento para Brasileiros.
Eles disseram que não poderiam devolver meu dinheiro, pq já tinham colocado o stamp no passaporte. Eu falei que não contava com esse gasto e que a informação tinha sido dada tardiamente, e neste caso, gostaria de ficar apenas um mês. Que não era justo eu pagar por um mês se brasileiros tem isenção na taxa.
Eles devolveram o dinheiro pro meu amigo e, mas não devolveram pra mim.
(…)
Ele levantou a voz, e começou a gesticular com a mão próxima ao meu rosto. Eu pedi que ele não fizesse isso, pq eu estava calma e não havia desrespeitado ninguém. Depois de ida e vindas falando seu próprio idioma e rindo com os outros funcionários, ele disse que ia me mandar de volta pra Kuala Lumpur e que eu estava detida lá até o próximo dia, meio dia, quando seria o próximo voo para Kuala Lumpur. Eu falei que queria ficar, que adorava indonesia, mas ele se recusou a falar comigo. Vi quando ele abriu meu passaporte e arrancou o visto, abriu a sua própria carteira e colocou meu visto dentro.
(…)
Perguntei se poderia comprar minha passagem pra outro lugar, com outra cia, disseram que não.
Fui pra sala, por umas 3h ouvia vozes chegando e saindo da porta. E via funcionários ( homens) olhando pela porta, que era de vidro.
(…)
Fui dormir meia noite no sofá, com frio, com dor de cabeça. Acordei às 3 pra ir ao banheiro, bati na porta por 15 minutos, mas ninguém apareceu. Desisti e Voltei a dormir.
Um pouco depois das 5 o senhor Gusdek apareceu e eu fui ao banheiro. 8:30 ele voltou e disse que eu poderia ir lá fora ver meu amigo e voltar pra sala as 10. (…)
Sai e fiquei 1h sentada no desembarque, tentando entender como tudo isso aconteceu. Nunca me senti tão triste e injustiçada.
(…)
Quando trouxeram meu passaporte, todos se juntaram e ficaram passando de página em página, até começarem a apontar e rir. Pedi pra ver e não deixaram, um tempo depois me explicaram que eu agora estava banida da Indonesia por 5 anos, que eles me colocaram na black list. Perguntei o motivo e a resposta foi: ” because you were not polite with the immigration “. Perguntei se isso já tinha acontecido antes, e a resposta me incomodou: ” it happens all the time, many times”. 😣 Fiquei pensando em quantas pessoas já passaram pelo que passei, e foram deportadas sem razão.
Em nenhum momento levantei a minha voz, não houve contato físico, xingamentos, nada. Eu era a última turista na imigração, mulher, sozinha e eles estavam todos juntos, assistindo a situação como uma novela.
(…)
Foram 16h de espera, sem informações e fui ao banheiro 3x. Uma antes de dormir, 23h, uma as 5 da manhã e uma antes de embarcar, 10:30 da manhã. Tive frio, dormindo jeito que deu, apenas quando já estava exausta. Não tive coragem de contar aos meus pais, pois não queria preocupá-los, entao contei a apenas 2 pessoas, uma em cada canto do mundo, contei tudo, mandei vídeos e o telefone dos meus país. Pedi que se não desse notícia depois de 24h, que elas entrassem em contato com a minha família e explicassem tudo. E torci pra tudo dar certo.
O saldo dessa confusão foi $250 por uma passagem que custou $48 pra ir. Uma noite e uma manhã sozinha em uma sala, sem informação. Uma dor de cabeça sem tamanho, além do medo de estar sozinha em um país com costumes diferentes, em uma região onde a religião predominante trata as mulheres de maneira diferente da que estou acostumada, onde falam um idioma que eu não entendo, onde rasgam visto e seguram teu passaporte.
Lembro a vocês que ninguém me tocou e eu tinha água e lanche que meu amigo comprou. Não sou injusta e sei que poderia ter sido bem pior. Não estou chorando tardiamente as minhas magoas, estou aqui para contar o que aconteceu comigo, para que vocês entendam que isso pode acontecer com qualquer um. Imagine você chegar feliz em um país que você adora e de repente tirarem todos os seus direitos e te trancarem em uma sala? Imagine Se você, diferente de mim, não tem internet, não fala inglês, e não segura a onda, mantendo a calma?
Por respeitar a cultura local estava vestida com calça e blusa de manga comprida. Evitei ao máximo confronta-los depois que percebi que o barato sai caro. Mas o sentimento de injustiça e desrespeito é imenso. Me senti miúda, insignificante e fraca.
(…)
Fui banida de um país por falta de informação e por pedir meu dinheiro de volta.
(…)
Agora já estou em Kuala Lumpur e não sei se o stamp que eles colocaram no passaporte vai afetar minha entrada em outros países. Suei frio na hora de passar pela imigração, com medo de não me deixarem entrar, mas nada aconteceu. Acho que essa sensação vai me acompanhar a partir de agora.
Peço que vocês compartilhem por aí, que contem aos amigos e aos viajantes da família. Pra que outras pessoas não passem por isso. Enfim, a Indonesia é um país incrivel e espero um dia poder voltar.
(Quem quiser ler o texto na íntegra, veja o desabafo na página do facebook da Gabi )
Como diminuir as chances de ser deportado da Indonésia (e de qualquer outro lugar)
Essas dicas valem para qualquer destino e eu não estou dizendo que a Gabi não fez ou que não respeitou o oficial, viu gente?
- Conheça exatamente as regras de imigração do país onde você está indo. E se informar com outras pessoas é ótimo, mas SEMPRE confirme informações oficiais. Muito cuidado com informações de outras pessoas. Muita gente fala “ah, é assim” ou “ah, nao precisa” e o outro assume que está correto.
- Tenha em mãos toda a documentação obrigatória. “Ah, mas não pediram seguro quando meu amigo entrou na Europa”. Não pediram porque se pedissem tudo de todo mundo a fila da imigração não andaria nunca. Saiba exatamente o que é obrigatório e se quiser dar o jeitinho brasileiro e não levar, esteja ciente dos riscos. Veja nesse artigo Tudo sobre os documentos obrigatórios do Sudeste Asiático!
- Respeite muito o oficial da imigração. Não altere o tom de voz, permaneça calmo e não discuta. Não se indisponha. Vale a pena arrumar dor de cabeça, um possível banimento pelo que estão te pedindo? Se a resposta for não, aceite.
Você já passou por algo parecido? Conta pra gente nos comentários! E não esquece de dar aquela força pra Gabi, compartilhando o relato dela para outras pessoas!
2 respostas
Realmente um grande constrangimento, mas é preciso entender que o turismo é a principal fonte de renda da Indonésia. Se você quer viajar e não tem dinheiro, pense bem antes de se arriscar. Acredito que seria mais simples se ela ñ fizesse tanta questão dos $35, e resolvesse posteriormente através de um agente local. Lembrem-se que nenhum país no mundo tem interesse em turistas que ñ tem dinheiro para gastar, vivemos num sistema capitalista, ou seja, mostre que tem grana e as portas se abrirão, tente resolver na conversa e ninguém vai te ouvir!
FICA A DICA.
Eu sou do ponto de vista de que em imigração não se discute, por mais que se esteja certo