Pegamos um voo em Santiago e chegamos a Punta Arenas, a última cidade continental da América do Sul.
Depois de muito pesquisar por locadoras nessa região (e quase desistir por conta dos preços e reclamações), alugamos um carro com a ADEL Rent a Car. O Señor Sérgio, da locadora, me passou rápidas recomendações durante quase 1 hora. 😅 Foram recomendações importantes sobre limite de velocidade nas vias da Argentina e do Chile, sobre os Guanacos que podem ter reações adversas e atravessar a via na nossa frente (igual os jumentos do nosso querido nordeste), rajadas de ventos de 80km/h(!!!!) que podem desestabilizar o veículo, papelada sobre a imigração do carro Chile-Argentina, mapas e locais de abastecimento. O Sr. Sérgio realmente foi muito gentil e simpático, apesar de minha pessoa já estar quase impaciente para pegar estrada e seguir viagem. Perguntei ainda sobre um local para almoçar e ele sugeriu Punta Arenas e depois seguir para Puerto Natales. Nosso possante foi um Renault Symbol, novíssimo, que deu conta de nós 4 mais toda nossa bagagem!
Fizemos nosso almoço em Punta Arenas, preço levemente caro, mas a comida deliciosa. Depois, seguimos para Puerto Natales. A cidade já nos adianta um pouquinho do que é o Parque Torres Del Paine, com paisagens que nos enchem os olhos com alguns montes com os picos cobertos de neve e lagos de água acizentada.
Fizemos check-in em nosso primeiro hostel, o Nikos II Adventure – com quarto e casa de baño privativo. Gostei bastante da escolha desse Hostel, a cozinha (compartilhada) bem equipada, quarto confortável, tudo limpinho e muito bem localizado.
Fizemos umas comprinhas para o jantar e depois fomos para a Costanera para tirar umas fotos e acompanhar o pôr-do-sol. Descobrimos ainda o monumento “La Mano” em Puerto Natales. A outra mão conhecemos em junho de 2012 quando visitamos Punta del Este no Uruguai. Eu lembrava da existência da outra mão mas nunca havia pesquisado sobre o outro local. ❤️ Quanto eram quase 22h, desistimos de esperar o sol se por e voltamos para o Hostel.
Fizemos o nosso jantar no hostel e depois perguntei para o recepcionista “Do you want a tiquitito?”. Pronto, piada do momento para a esposa, filha e irmã. 😝
No dia seguinte seguimos viagem para o destino que mais desejávamos nessa região: O Parque Nacional Torres del Paine. O próprio trajeto já é um passeio, pois é tudo incrivelmente lindo. Paramos em muitos mirantes para mais fotos e esticar as pernas. O dia estava bonito, mas o vento era impressionante. Achávamos que o carro não tinha muita estabilidade, mas depois descobrimos que na verdade era o vento empurrando o carro o tempo todo.
Vista de um dos mirantes
Entremos no parque pela Portaria Rio Serrano (portaria sul) do Parque Nacional Torres del Paine e logo vimos onde ficava nosso hotel. Algumas informações sobre os animais (como reagir caso se depare com um puma) e sobre o clima. Descobrimos que para esse dia, o clima se resumia como ensolarado com rajadas de vento de 72km/h (!!!!!!) e chuvoso e sem vento para o dia seguinte. Brasileiros que não são acostumados à mudanças bruscos de clima, podem se impressionar. Pelo menos eu fiquei.
Pagamos nossa entrada, analisamos o mapa e decidimos fazer dois passeios por trilhas com duração de duas horas cada. O primeiro passeio foi até o lago grey que impressionou por umas mini-geleiras na beira da areia e ventos que criavam nuvens d’água. Aproveitei pra pegar uma pedra de gelo que pesava uns 5 quilos e provar. Docinha. Fiquei pensando em oferecer com whisky para os meus amigos. 😊
Voltamos e pegamos o carro para a segunda trilha. Essa começava logo com um mirante para a cachoeira “Salto Grande” e depois uma caminhada de 3,5km até um mirante próximo das Torres Del Paine. Em alguns momentos tivemos que nos sentar no chão devido às FORTES rajadas de vento. Impressionante. Renata teve que correr atrás do seu gorro uma vez. Sorte que o gorro ficou preso na vegetação rasteira do local. Eu não tive a mesma sorte e fiquei sem o meu.
Nossa cabana <3
Nos hospedamos bem na entrada do parque e pagamos uma pequena fortuna por isso. Provavelmente será a hospedagem mais cara da nossa viagem: um bungalô no Hotel Lago Tyndall. Entretanto, o lugar era simplesmente deslumbrante. Cinematográfico. Ficamos num chalé muito aconchegante, com vista para as montanhas e uma cozinha fofa, onde fizemos uma macarronada de jantar. Vinho para acompanhar! Exaustos, dormimos super bem apesar de o aquecimento não ser dos melhores.
O dia amanheceu nublado. As 7h me preparo para dar uma volta para conhecer os arredores do nosso chalé. Uma leve garoa cai intervalada sobre a relva e lago. Encontro um pescador esportivo na beira do lago e pergunto se posso tirar umas fotos. Começamos a conversar sobre origens e afazeres. Digo que li avisos sobre pesca esportiva e ele me diz que tem uma carteirinha que lhe permite a pesca em qualquer lugar do parque. Recuso a primeira vez que ele pergunta se quero tentar pescar e passado algum tempo resolvo aceitar brincar. Faço alguns lançamentos do anzol para o lago sem sucesso. A garoa aumenta um pouco e resolvo devolver a vara de pesca para proteger minha máquina fotográfica da chuva.
Eu já estava quase desistindo de ficar ali e logo que devolvo, olhamos um provável salmão pulando na superfície do lago. O pescador lança a isca exatamente onde o peixe provocou as ondas por ter tocado a superfície como se fosse um alvo. Falo brincando que o lançamento foi tão perfeito que o anzol havia acertado a cabeça do peixe. 😅 Para nossa surpresa, o peixe foi fisgado e começa a luta entre peixe e pescador. A luta demorou uns cinco minutos e um salmão de uns 10kg foi derrotado e parado em terra firme.
Jantar garantido… pra eles!
Voltei para o chalé, nos arrumamos, fizemos checkout e pé na estrada para El Calafate na Argentina.
O dia estava com muitas nuvens e pouco vimos dos picos e das torres das montanhas. Sorte que o dia anterior foi tão bonito! Chegamos na fronteira Chile-Argentina. Passamos pela inspeção policial e pela aduana no Chile que carimbou nossa saída como dia 01/12 ao invés de 11/12. A parte Argentina reclamou um pouco do ocorrido mas liberou nossa entrada sem problemas.
Minha irmã aproveitou para ensinar minha filha sobre a rivalidade entre Pelé e Maradona: “Diga que Pelé é melhor e saia correndo.” Rsrs
Chegamos a El Calafate e fizemos check in na Hosteria Y Apart Jardín de Los Presentes, onde Matias, um simpático recepcionista, nos recebeu. Na TV passava o jogo entre River e Boca e aproveitamos para conversar. Falei pra ele que minha irmã dizia que Pelé era melhor que Maradona. Georgia ficou vermelha e disse que não era pra falar aquilo porque o Matias iria nos dar um quarto sem aquecedor (nosso sonho de consumo). Ela perguntou se tinha aquecedor e eu, escondido, balancei a cabeça e mão pra pedir pra Matias dizer que não havia aquecimento no carro. Olha a cara da minha irmã. 😫 Olha a minha. 😈 Tadinha.
Pegamos o quarto mais quentinho desde o primeiro dia. Que delícia. Deixamos nossa bagagem e aproveitamos para conhecer um pouco da pequena e aconchegante cidade de El Calafate. Cidade tipicamente turística e que achei bastante cara! Jantamos num restaurantezinho que ahcamos com menos cara de turístico e ainda assim a refeição saiu mais de R$200,00!!!
Maaaas vamos em frente! Caminho muito longo a ser percorrido.
Nesses três dias, sem dúvidas o que mais me impressionou foi a quantidade de pessoas conhecendo a Patagônia de bicicleta, andando e acampando pelo parque por 7-10 dias, as rajadas de vento e as meninas me zoando pelo meu Portunhol americano. 😒
😌🙏🏼