Contei a um amigo sobre os nossos planos de viagem para o próximo ano e quase instintivamente ela devolveu “Ganharam na loteria?”. Não, não ganhamos. O que fizemos foram algumas escolhas ao longo de nossa vida que nos permitiram tomar essa decisão.
Desde criança, aprendi a batalhar pelo meu dinheirinho. Ajudava minha mãe na loja ou ia cobrar devedores de porta em porta. Durante o ensino médio, fui várias vezes andando para o cursinho para economizar o dinheiro do ônibus. Desde essa época, sabia que eu precisava gastar menos do que ganhava para conseguir comprar algo que custasse um pouco mais.
Quando conquistei meu primeiro salário, que precisava ser muito bem administrado para render até o final do mês, comecei a me interessar sobre finanças. Estudei muito sobre planejamento financeiro, acompanhamento de gastos, alternativas de investimentos. De todos esses estudos uma coisa sempre ficou na minha cabeça: “Se você quer ter uma vida mais rica, viva num padrão de vida um nível abaixo de suas possibilidades”.
Não é uma solução complexa, mas é bastante difícil segui-la num mundo cheio de tentações. Foi preciso muita determinação para irmos conquistando nossos objetivos com calma, sem antecipar nada através de financiamentos com juros astronômicos. Praticando esse conceito, conseguimos viver uma vida sem dívidas significativas. Nosso último Balanço Patrimonial (você já fez um?) indicou que nossa taxa de endividamento é de aproximadamente 5%. Ou seja, somente 5% de todo o patrimônio que temos hoje está financiado. Esse dinheiro que não desperdiçamos com juros e que economizamos nas compras a vista, nos permitem realizar nossas viagens, que alguns veem como uma extravagância.
Há cerca de um ano começamos a idealizar essa grande viagem e racionalizamos ainda mais nosso estilo de vida. Nos propusemos a viver de uma forma ainda mais econômica para assim conseguir acumular capital para viver esse sonho. Foi isso que também permitiu que Reis conseguisse sair do emprego em meio à crise econômica do país, para podermos nos dedicar à fotografia, um negócio que tem nos feito muito felizes.
Nossa filha comprou imediatamente a ideia e tem colaborado incrivelmente com a missão de economizar para a viagem. Afinal, estamos todos ansiosos por viver esse sonho. Ela mudou para o turno da tarde na escola (que é mais barato), trocou as atividades extracurriculares por outra mais econômica e tem cooperado nos trabalhos domésticos (dispensamos a empregada). Passamos a sair menos e nos divertir mais em casa. Só fizemos uma viagem de lazer esse ano por ser uma ocasião muito especial – e por estarmos planejando desde o ano anterior. Nos privamos bastante esse ano, para colhermos os frutos no ano que vem.
Apesar disso, não consumiremos todas as nossas economias na viagem. Elas serão uma reserva de emergência para os meses em que as coisas não forem tão bem. Como já dissemos, o que nos sustentará no exterior é o nosso trabalho. Além disso, nosso apartamento ficará alugado e teremos o rendimento de algumas aplicações. Nada de mexer na poupança!
Entretanto, não significa que sairemos em busca de trabalho em restaurantes ou casas de família. Iniciamos alguns negócios online que acreditamos que serão suficientes para nos manter. Bastará um computador com acesso à internet para que a gente possa tocar os negócios. Saibam que estamos muito longe de ser pioneiros nisso. Tem muita gente adotando esse estilo de vida por aí. E indo muito bem, obrigado.
Além disso, muita gente pode não acreditar, mas uma vida mais nômade, como a que estamos planejando para o próximo ano, pode sair até mais barata do que viver em uma grande cidade. Com cerca de R$2.000,00 por mês, por exemplo, dá pra alugar um apartamento de luxo (incluindo condomínio, água, luz, internet e TV a cabo) e morar de frente para o mar na Tailândia. Por muito menos, poderemos ter uma vida mais modesta. Modesta, mas numa praia da Tailândia. Nada mal, né?
Ufa, sempre me empolgo quando falo de finanças… Melhor parar por aqui. No próximo email, eu explico direitinho porque resolvemos fazer essa mudança “repentina” na nossa vida e o que estamos buscando.
Um forte abraço,
Renata
3 respostas
Well, Come on!!!
Não os conheço muito bem, no máximo troquei algumas palavras com Renata durante um breve período que convivemos no curso de Sistemas de Informação do IFMA. Tinha conhecimento de que havia feito intercâmbio na Inglaterra e que assim como eu, era funcionária pública Federal. Até então desconhecia a existência do seu Blog e dos seus planos, um dia por pura curiosidade resolvi acessar um link que me chamou atenção e que havia compartilhado na sua timeline de uma rede social. O quão surpreso fiquei ao começar a ler um por um dos seus posts e ao mesmo tempo me identificar com o pensamento e desejo desta família que resolveu ligar o botãozinho do “Try and Enjoy the life” de uma forma nada tradicional e ou convencional enquanto ainda jovens. Sinceramente, fico muito feliz por esta família poder estar realizando seus sonhos,” Never Stop Dreaming”.
Ainda não cheguei a este nível, mas, após ler praticamente todos os posts, me identifiquei com a maioria dos planos e situações até então descritas, ainda não cheguei ao nível de maturidade que percebi em seus planos, mas, confesso que possuo algumas das mesmas vontades, planos e sonhos. Minha primeira experiência será bem curta, apenas 15 dias em uma pequena cidade Europeia chamada “Porto-Portugal” em dezembro/2016, seguida de algo um pouco maior, 30 dias em Toronto em janeiro de 2018.
let’s go guys! Enjoy the world. Congratulations!
Oi Elzimar, é engraçado como às vezes a genet perde oportunidades de “conhecer” pessoas que tem tanta coisa em comum com a gente, né? Tanto tempo ali do lado e nunca trocamos uma ideia. 🙂
Fico feliz que esteja começando a realizar seus sonhos de viagem também. Espero que você se sinta inspirado e busque conquistas cada dia maiores. Um abraço!
Nossa, também me empolgo pra mostrar para as pessoas que não é preciso ter muito dinheiro para cair em uma aventura, e sim foco nas prioridades. Eu e meu namorado voltamos tem 3 meses depois de 1 ano pelo mundo, estou organizando “minha casa” ainda, e lendo seus posts me bate uma saudade IMENSA dessa aventura. Me emociono bastante, vendo o vídeo da sua filha, por exemplo, no Holliday Park na NZ e a sensação da minha primeira vez acampando na Austrália, NUNCA tinha me imaginado e hoje só penso nisso hahaah ! gente, muitos parabéns, que vocês consigam seguir esse caminho nômade porque sim, o mundo é incrível, tem tanto para nos mostrar, e só temos que cuidar deles! E muitos parabéns pra sua filha por ter embarcado nessa de corpo e alma, se dedicar para esse sonho coletivo é uma atitude linda, vocês merecem todos os dias de sol que aparecerem ! Um beijo enorme!